quarta-feira, 15 de julho de 2020

DIÁLOGO(S) COM A SOCIEDADE: RECOMEÇAR PARA NÃO CEDER AO MEDO

Chamo-me Sunira Nadine Mendes Gomes Embaló, sou empreendedora. Trabalhava em casa há muitos anos e no ano passado alarguei o meu negócio e agora tenho um empreendimento chamado “Delicias di Nangai”, um espaço restaurante e pastelaria, no Bairro de Pluba. A iniciativa começou muito bem. O negócio dava lucros e até o mês de Dezembro, a época festiva, o rendimento era generoso porque tínhamos muita procura e muitas encomendas.

O primeiro impacto negativo em termos económicos foi na época das eleições presidenciais de 2019, quando o fluxo dos clientes diminuiu. Tinha esperança que iríamos conseguir sobreviver à situação com um fluxo maior de em Fevereiro, que é a época do Carnaval. Mas a incerteza continuou e foi agravada em Março quando foi implementado o primeiro estado de emergência por causa do surgimento dos primeiros casos da Covid-19 no país e o sector da restauração foi uma da mais afectadas na nossa economia. Com o surgimento da pandemia no país, o negócio foi deitado por água-a-baixo, fui obrigada a fechar a minha instalação que chegou a servir de base para a Guarda Nacional.

Em finais de Julho, decidi reabrir o meu negócio e recomeçar com que o tenho e a cada dia, apesar das dificuldades. 

Para além da pandemia, a situação torna-se ainda mais crítica com a época chuvosa, quando o volume de negócio mesmo em tempos normais é mais reduzido. Com a reabertura é preciso pelo menos uns três meses para reconquistar a confiança dos clientes.

Agora não consigo arrecadar nem metade do rendimento que arrecadava antes da pandemia. Com a situação apertada, decidi pela redução de funcionários. Agora trabalho só com metade dos funcionários e alargamos o horário, abrimos até às 18 horas. A redução de funcionários afetou-me bastante e acarreta vários sacrifícios, porque agora faço de tudo aqui no meu restaurante. Tínhamos uma linha centrada de funcionários formados na área de produção de bolachas bio. Com os funcionários agora em casa, sou obrigada a ficar com o encargo da lacuna deixada. Não é fácil ser um “polvo” e nem sei até quando vou conseguir manter essa situação.

Tive que improvisar e adotar novas estratégia para que o meu empreendimento possa continuar aberto. Para facilitar os trabalhos, criámos certos mecanismos: os trabalhos mais pesados pedimos que se faça a encomenda com 72 horas de antecedência. O pedido antecipado permite-me organizar melhor tendo em conta o número reduzido de funcionários.

A parte mais rentável do negócio é a encomenda na área de confeitaria que, embora esteja a trabalhar a meio gás, o rendimento que tem gerado tem sido uma bolha de oxigénio para colmatar as dificultardes noutras áreas. Não tem sido fácil, mas tenho fé que a situação venha a normalizar.

Apesar das dificuldades e de saber do impacto do coronavírus no sector da restauração, e que muitos correm o risco de fechar, não posso desistir porque este sonho é como um filho que eu criei, portanto, não posso ceder ao medo porque a vida é feita de riscos.

Sunira Nadine Gomes Embaló

Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos

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