sexta-feira, 4 de setembro de 2020

DIÁLOGO(S) COM A SOCIEDADE: O HIP HOP AO SERVIÇO DA SENSIBILIZAÇÃO

Sou Danhianin Afonso Té conhecido por Cotche Té, jovem músico guineense do estilo hip hop. A minha rotina era muito interessante e tudo era mais fácil antes da chegada do coronavírus na Guiné, a 25 de Março. Era fácil ir ao estúdio e preparar as minhas músicas. No primeiro trimestre do ano, eu estava a preparar o meu concerto para o dia 25 de Maio e visava interagir e ir ao encontro do público em todo o país. 

Estava concentrado nos meus projetos musicais, dava para reunir com os meus colegas músicos, trocarmos ideias, este contacto entre nós músicos é uma parte muito importante para os artistas, principalmente do estilo hip hop.

Com a chegada do coronavírus tudo mudou drasticamente. Vi que era mais uma questão de focar na alternativa do que no problema em si, tive que readaptar os meus planos, e criar outras oportunidades. 

Passei a interagir mais com os meus fãs através das plataformas online, nomeadamente o Facebook, e dediquei-me mais ao free Style, um sonho acalentado que não conseguia executar devido ao excesso de trabalho. As plataformas sociais permitiram que os meus fãs me conheçam de uma forma diferente, e pude interagir com elas uma vez que não posso ir ao encontro deles, e estar com elas ao vivo. Já estamos na sexta edição. Apesar de a pandemia ter complicado as coisas, acabou por desbloquear algumas situações, porque agora tenho mais tempo de preparar as minhas músicas. 

A mensagem que passo nas minhas músicas tem a ver com alguns temas sociais, no entanto, já fiz mais de 5 lives de sensibilização sobre a prevenção. Através de comentários e interação, sinto que as pessoas aceitam a minha mensagem positiva sobre a prevenção da Covid-19. Sei que a minha mensagem já alcançou várias pessoas e inclusive as que não acreditavam na existência da Covid.

Dedico-me à música a tempo inteiro. Já trabalhei e estagiei em várias áreas, mas agora estou focado na música. Agora tenho mais tempo pra focar em desenvolver o meu projeto com mais calma e dá-me oportunidade de pensar calmamente no meu futuro.

O Estado não investe na cultura e isso leva-me particularmente a buscar alternativas. Nunca beneficiei de um projeto do Estado da Guiné-Bissau. Sempre me foquei no meu projeto pessoal e fiz tudo sozinho com apoio de outras personalidades e até na organização dos meus concertos conto só com os meus contactos nacionais e internacionais. Não obstante, acredito que o Estado deveria investir mais na cultura, porque a cultura é o espelho de um país e é importante investir nos artistas, porque tal como fazem os Estados de outros países e a prova disso é o nível dos músicos daqueles países.

Anseio por voltar a ter um contacto direto com o meu público e transmitir mensagens importantes através das minhas músicas. Para tentar mudar as mentalidades é importante ir ao encontro das pessoas que me ouvem para debatermos os assuntos que trato nas minhas músicas para que possam entender-me melhor.

Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos